terça-feira, 9 de julho de 2013

Pensamentos amassados


O trem estava demorando novamente, todas as manhãs eram iguais.
O sol começava a surgir por entres algumas nuvens mas o vento outonal insistia em lhe bater contra a face.
Nos pés os mesmos sapatos, marrons e sujos, o mesmo vestido azul desbotado, a mesma linha reta nos lábios e os pensamentos repletos de velhas lembranças e músicas antigas.
O grande relógio da estação estava parado havia tempos, marcando a mesma hora o tempo todo, talvez ela estivesse atrasada, mas ainda era tão cedo para tantas coisas.
Lá longe nos trilhos podia-se ver o trem em movimento, aproximando-se, envolvendo o mundo com fumaça, e então já era hora.
Ela levantou  tentou desamassar o melhor que pode as saias do vestido e quem dera poder desamassar seus pensamentos também e se foi, para mais um dia, para mais algumas horas, mais uma vida.   

Um comentário:

  1. Seu texto está lindo, bem intrínseco, o tipo de texto que te faz pensar em várias coisas para entendê-lo mas tudo de acordo com a sua própria visão de mundo. Pra mim, a personagem está batalhando para sobreviver, mas também está perdida em memórias do que era antes, que talvez tenha sido mais fácil ou mais amargo, e que tem que deixar tudo isso "amassado" para seguir em frente...

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